O processo de descida segue no Rio Negro em Manaus (AM) e, nesta quarta-feira (9), foi observada a marca de 12,11 m no Porto, conforme indica o 42º Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Essa cota é a menor desde o início do monitoramento em 1902, ou seja, em 122 anos, e deve continuar alcançar patamares ainda menores, conforme as projeções.
“Já observamos o início das chuvas em algumas parte da bacia, como próximo em Tabatinga (AM), mas o volume não é suficiente para o nível dos rios começar a subir de forma consistente”, explica o coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico, Artur Matos. O pesquisador completa que tem sido observada a diminuição da taxa de descida do Rio Negro. “Em Manaus, estávamos com valores de 25 cm por dia e hoje foi observada redução de 12 cm por dia. A tendência é que a taxa diminua, mas o nível ainda deve continuar reduzindo nas próximas semanas”.
No Rio Solimões, que influencia o comportamento do Rio Negro em Manaus, a recessão continua. Na estação de Tabatinga (AM), o rio tem descido uma média de 8 cm por dia. Fonte Boa (AM) e Itapéua (AM) são registradas descidas de 2 cm diários. As estações registraram mínima histórica de 7,19 m e -29 cm, respectivamente. Em Manacapuru (AM), o rio segue declinando cerca de 7 cm por dia e o último dado observado indica a mínima histórica de 2,13 m.
O Rio Amazonas também registrou nesta semana mínimas históricas em Careiro da Várzea (AM) e Itacoatiara, que chegaram a 8 cm; em Parintins (AM), que chegou a -2,42 m; e em Almeirim (AM), onde foi observado o recorde de 1,74 m.
Em Porto Velho (AC), o Rio Madeira está na marca de 35 cm. A cota está 10 cm acima da mínima registrada no mês passado: 25 cm. O Rio Acre na cidade de Rio Branco (AC) apresentou estabilidade nos processos de descida, apesar disso, os níveis ainda estão baixos para o período. A cota é de 1,29 m.
Na Bacia do Rio Branco, os níveis estão dentro da faixa da normalidade.
Confira as estações da Bacia do Rio Amazonas que já registram as mínimas históricas neste ano:
Rio | Município | Cota mínima recorde em 2024 | Data da mínima | Mínima anterior |
Negro | Manaus (AM) | 12,17 m | 08/10/2024 | 12,70 m (2023) |
Solimões | Tabatinga (AM) | -2,54 m | 26/09/2024 | -86 cm (2010) |
Solimões | Fonte Boa (AM) | 7,19 m | 08/10/2024 | 8,02 m (2010) |
Solimões | Itapéua (AM) | -29 cm | 07/10/2024 | 1,31 m (2010) |
Solimões | Manacapuru (AM) | 2,13 m | 08/10/2024 | 3,11 m (2023) |
Acre | Rio Branco (AC) | 1,23 m | 21/09/2024 | 1,24 m (2022) |
Purus | Beruri (AM) | 3,50 m | 04/10/2024 | 4,07 m (2023) |
Madeira | Porto Velho (RO) | 25 cm | 23/09/2024 | 1,10 m (2023) |
Madeira | Humaitá (AM) | 8 m | 30/09/2024 | 8,10 m (2023) |
Amazonas | Careiro da Várzea (AM) | 8 cm | 06/10/2024 | 30 cm ( 2023) |
Amazonas | Itacoatiara (AM) | 8 cm | 08/10/2024 | 36 cm (2023) |
Amazonas | Parintins (AM) | -2,42 m | 07/10/2024 | -2,17 m (2023) |
Amazonas | Almeirim (PA) | 1,74 m | 08/10/2024 | 1,95 m (2023) |
O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa.
Apoio aos municípios
Além dos Sistemas de Alerta Hidrológico, o SGB disponibiliza aos gestores públicos o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Esse é o principal repositório de dados de poços no Brasil, que pode ser usado para identificar fontes de abastecimento. O SGB também realiza o mapeamento de áreas de risco geológico, identificando e caracterizando porções do território municipal sujeitas a perdas e danos por eventos de natureza geológica. Esse trabalho é uma importante ferramenta para a tomada de decisões sobre redução de riscos, prevenção de desastres e ordenamento territorial.
Parceria
O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas.
As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas no Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) e, em seguida, apresentadas na plataforma SACE.