Neste mês comemoramos o Dia Mundial da Alfabetização, um dia para refletirmos sobre a os dados alarmantes quando se trata do analfabetismo no Brasil e, mais especificamente, no Nordeste. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o país ainda tem 9,3 milhões de analfabetos. Desse grupo, 8,3 milhões têm mais de 40 anos.
A Organização das Nações Unidas (ONU), considerando o contexto global, estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, dentre os quais o Objetivo 2 prega a necessidade de oferecer educação básica de qualidade para todos. No documento Transformando Nosso Mundo: Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a ONU definiu como objetivo “Assegurar educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”, estabelecendo como meta “até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, tanto homens como mulheres, estejam alfabetizados e tenham adquirido conhecimentos básicos em matemática”.
A ONU adotou como estratégia “expandir programas eficazes de alfabetização e capacitação de adultos envolvendo a parceria da sociedade civil e aproveitando suas experiências e boas práticas”. Para tal, a UNESCO – Educação 2030 adotou como abordagem “desenvolver parcerias entre escolas, universidades e outras instituições que oferecem ensino em diferentes regiões do mundo”. E, também, “planejar e executar um projeto de Educação para o Desenvolvimento Sustentável em uma escola ou universidade, ou para a comunidade local”.
O Instituto Yduqs, elabora um programa de Alfabetização e Letramento de Jovens e Adultos para atender as exigências da ONU e expande para unidades Estácio do Brasil. O programa funciona em 15 campi da Estácio, localizados nos estados do Amazonas, Bahia, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e o Distrito Federal, e atende um público de adultos de baixa renda, muitos deles idosos, que não tiveram oportunidade de desenvolver as habilidades de leitura e escrita na faixa etária prevista por lei.
A alfabetização de adultos é um processo fundamental para a inclusão social e o desenvolvimento pessoal e profissional. Este tipo de educação visa proporcionar aos adultos as habilidades básicas de leitura e escrita, permitindo que eles compreendam e interajam com o mundo ao seu redor de forma mais eficaz, tronando-se cidadãos de direitos, exercendo a sua cidadania.
A alfabetização não se limita apenas ao aprendizado das letras e palavras, mas também envolve o desenvolvimento de competências críticas, como a interpretação de textos, a capacidade de expressão e a compreensão de informações cotidianas. Isso é especialmente importante em sociedades onde a informação é predominantemente escrita e acessada através de diversos meios, como internet, jornais e documentos oficiais.
Programas de alfabetização para adultos geralmente precisam ser adaptados às necessidades específicas desse público, levando em consideração suas experiências de vida, motivações e contextos sociais. O uso de materiais relevantes e métodos de ensino interativos pode aumentar a eficácia dessas iniciativas. Além disso, a alfabetização de adultos frequentemente é ligada à melhoria de condições socioeconômicas, pois indivíduos alfabetizados têm mais oportunidades de emprego e podem participar de forma mais ativa em suas comunidades.
A alfabetização de adultos é um tema crucial na promoção da inclusão social e no desenvolvimento humano. É um passo crucial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos tenham a chance de contribuir e prosperar. Em um mundo cada vez mais complexo e interconectado, a capacidade de ler e escrever não é apenas uma habilidade básica, mas uma ferramenta vital para a participação ativa na sociedade.
A alfabetização de adultos desempenha um papel essencial no empoderamento individual e coletivo. Adultos alfabetizados podem acessar informações, compreender direitos e deveres, e se engajar em processos políticos e democráticos.
Embora a alfabetização de adultos seja vital, diversos desafios podem dificultar esse processo. Muitos adultos, especialmente aqueles que precisaram trabalhar desde criança e têm responsabilidades familiares, encontram dificuldade em dedicar tempo aos estudos. Experiências anteriores de fracasso escolar podem levar à desmotivação, fazendo com que alguns adultos acreditem que a alfabetização não é uma prioridade ou que não são capazes de aprender.
Muitas vezes, os programas de alfabetização não são adaptados às necessidades e realidades dos adultos, utilizando materiais e abordagens que não ressoam com suas experiências de vida. Para superar esses desafios, é fundamental que os programas de alfabetização adotem metodologias que respeitem e integrem a experiência dos alunos, estabeleçam uma escuta qualificada dos alunos, através de uma Abordagem Contextualizada. Utilizar materiais que refletem a realidade dos alunos, como textos sobre temas do cotidiano, pode aumentar o interesse e a relevância do aprendizado. Nossa metodologia conta com palavras geradoras, que fazem parte do contexto de vida dos alunos como recurso para o trabalho com as famílias silábicas.
O aprendizado precisa ser colaborativo, promover atividades em grupo pode criar um ambiente de apoio e encorajamento, onde os alunos compartilham suas experiências e aprendem uns com os outros. Atividades interdisciplinares, aulas em laboratórios e jogos pedagógicos fazem parte do trabalho onde o aluno constrói seu conhecimento, sendo protagonista do aprendizado
De suma importância é a inclusão digital, integração de Tecnologias. O uso de recursos tecnológicos, como aplicativos e plataformas online, pode facilitar o aprendizado e tornar o processo mais dinâmico e acessível. As aulas são ministradas no laboratório de informática, com trocas de e-mail, consultas ao Google, preenchimento de fichas de emprego, de saúde.
Os benefícios da alfabetização de adultos vão além do indivíduo, impactando positivamente a sociedade como um todo. Adultos alfabetizados tendem a ter melhores oportunidades de emprego, o que contribui para a redução da pobreza e para o crescimento econômico. Além disso, comunidades com altos índices de alfabetização geralmente apresentam maior participação cívica e engajamento social, resultando em sociedades mais coesas e democráticas.
A alfabetização de adultos é uma ferramenta poderosa para transformação social. Investir em programas de alfabetização não apenas melhora as perspectivas individuais, mas também fortalece comunidades inteiras. Portanto, é essencial que governos, organizações e a sociedade civil unam esforços para promover a alfabetização de adultos, garantindo que todos tenham a oportunidade de aprender, crescer e contribuir para um futuro melhor.
Marialva Gargur, é pedagoga, psicopedagoga e integrante do Programa de Alfabetização e Letramento de Jovens e Adultos do Instituto Yduqs.
Com informações da assessoria