O surto de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), a H5N1, que podem causar graves sinais clínicos e altas taxas de mortalidade, vem avançando no mundo e já chega a 120 focos confirmados no Brasil até o dia 09 de outubro, sendo 117 animais silvestres e 03 aves de subsistência. Dias antes, o Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou o primeiro foco da doença registrado em mamíferos marinhos no país: um leão-marinho-da-patagônia encontrado no litoral do Rio Grande do Sul.
O primeiro caso da doença no Brasil foi detectado em maio deste ano, em aves silvestres migratórias, o que motivou o Ministério da Agricultura e Pecuária a declarar Emergência Zoossanitária em todo território nacional. Para frear a disseminação e evitar o risco de transmissão do vírus para as pessoas, o órgão adotou medidas como a suspensão da realização de exposições, torneios, feiras ou qualquer evento com aglomeração de aves.
A alta nos focos também fez com que o Governo do Estado do Rio de Janeiro decretasse, em agosto, estado de emergência zoossanitária por 180 dias devido a detecção, em nove municípios, de 16 casos em aves silvestres migratórias. O professor do curso de Medicina Veterinária da Estácio, Raphael Castro, explica sobre a doença e orienta sobre os cuidados que devem ser adotados para evitar que ela se espalhe e chegue aos humanos.
– A Influenza Aviária é uma doença altamente contagiosa de distribuição mundial que causa grandes prejuízos para as criações de aves comerciais em diversos países. Ela é causada pelo vírus da influenza tipo A que, além das aves, também acometem outras espécies de animais, como cães, gatos, ratos, cavalos. Em serem humanos, já foi responsável por altas taxas de morte, sendo este um dos grandes motivos para constante vigilância por parte das autoridades sanitárias, informa o professor, destacando ainda que o vírus possui elevada capacidade de mutação que permite a ele se adaptar e acometer muitas outras espécies. Foi por possuir esta característica que ele chegou aos seres humanos: três casos em humanos foram registrados desde 2022 até o momento.
O médico veterinário observa que as aves silvestres migratórias e as costeiras são, geralmente, as primeiras a serem acometidas devido ao maior risco de contato com outras aves migratórias (ou animais marinhos) que estejam doentes ao chegar em um novo território. Estas aves atuam como hospedeiros naturais e reservatórios dos vírus, desempenhando um importante papel na manutenção e disseminação desse vírus.
– Sabemos que estas aves podem se deslocar a grandes distâncias e entrar em contato com diversas outras em criadores comerciais ou domésticos, elevando o risco de adoecimento e morte, tanto de grandes plantéis quanto de aves isoladas. Isso, por sua vez, aumenta também o risco de adoecimento e morte das pessoas. Daí a importância das medidas e cuidados a serem adotados. Apesar do crescimento no número de casos, a situação sanitária está muito bem controlada e monitorada. Não há risco quanto ao consumo de carne de aves ou ovos, analisa o professor da Estácio.
Cuidados adotados por criadores de aves
Raphael Castro aponta os cuidados que devem ser adotados por criadores comerciais ou de subsistência.
– É importante ficar atento para mortes ou adoecimento repentino em aves de seu plantel. Deve-se evitar contato com aves caídas, mortas ou moribundas, sejam elas domésticas ou silvestres/exóticas. As aves manifestam sinais clínicos neurológicos ou respiratórios, como tremores na cabeça e no corpo; incoordenação motora; perda de equilíbrio; andar em círculo e de costas; letargia; dificuldade respiratória; respiração ofegante (pela boca); coriza nasal; espirros; penas arrepiadas; arrastar das pernas; asas caídas; torção da cabeça e pescoço; olhos fechados; lacrimejamento excessivo; excrementos aquosos descoloridos. Em casos de suspeita, o melhor é procurar a Vigilância Ambiental, através da Secretaria de Saúde, ou entrar em contato com a Secretaria de Agricultura do seu município.
O professor do curso de Veterinária da Estácio observa ainda que criadores comerciais e criadores de subsistência, e ainda um grande público de criadores de aves canoras, como trinca-ferro, coleiro, curió, canário.
– Esses criadores costumam participar de torneios semanais em diversas cidades, momento em que há o encontro e a aglomeração de diversas aves vindas de diferentes cidades da região e de fora dela, inclusive de outros estados. Portanto, apesar dessas medidas sanitárias estarem afetando a realização desses torneios, é de extrema importância que criadores amadores compreendam as razões e a necessidade das medidas, seguindo integralmente as recomendações sanitárias estabelecidas para o momento, finaliza o médico veterinário.
Com informações da assessoria