A estiagem tem castigado o Norte do País, principalmente o estado do Amazonas. Os rios Negro, Amazonas e Madeira já apresentam volume crítico e a falta de chuvas faz com que barcos não consigam chegar em algumas comunidades, aumentando o risco da falta de insumos e até mesmo de comida. Aumenta também a possibilidade de encalhe de embarcações e acidentes.
Para mitigar uma possível piora neste cenário, que já atinge 23 cidades e põe em risco quase 200 mil moradores, bem como resgatar a dignidade de pescadores e ribeirinhos, o Aviso Hidroceanográfico Fluvial (AvHoFlu) “Rio Solimões”, da Marinha do Brasil (MB), partiu nesta terça-feira (3) da Estação Naval do Rio Negro, visando demarcar trechos críticos para navegação naquela área. O balizamento busca mapear o rio Amazonas e a foz do rio Madeira.
O Chefe do Departamento de Operações do Centro de Hidrografia e Navegação do Noroeste, Capitão de Corveta Vitor Hugo de Souza, conta que serão instaladas quatro balizas até 19 de outubro, com a finalidade de orientar uma navegação segura pelas maiores profundidades nos respectivos pontos críticos, de forma provisória e com duração prevista de 180 dias. “Um auxílio à decisão do navegante, para evitar acidentes, salvaguardar a vida humana e prevenir a poluição hídrica”, adiantou.
O AvHoFlu “Rio Solimões” tem 18 militares em sua tripulação, e possui um comprimento total de 25 metros, com autonomia de navegação de 11 dias. As balizas são normalmente fixadas em terra e dotadas de painel de sinalização, que indica ao navegante a ação a empreender.
Para se ter uma ideia da necessidade de balizamento na região, o nível de águas alcançado no rio Negro está pouco mais de um metro e meio da marca registrada em 2010, quando foi reportada a mais severa vazante da história. Hoje, dos 62 municípios amazonenses, 23 estão em situação de emergência e 35 em alerta. O Serviço Geológico do Brasil alertou que os rios manauaras devem atingir o ápice da seca na segunda quinzena deste mês.
Cenário de alerta
Inúmeras embarcações que fazem a logística de produtos da Zona Franca de Manaus (por meio da navegação de cabotagem ou pelo transporte de caminhões em balsas) também temem a forte seca. Segundo o portal O Globo, operadores logísticos têm alertado a seus clientes que antecipem a produção para garantirem o embarque de mercadorias a tempo da Black Friday. Isso porque a produção nacional de ar-condicionado, televisores, lava-louças e micro-ondas é realizada, em sua totalidade, na Zona Franca. Estima-se que o preço destes produtos aumente consideravelmente.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) informou que a estiagem foi ocasionada pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico (fenômeno conhecido como El Niño), e pelo aquecimento do Oceano Atlântico Norte, colaborando com a falta de chuva nas áreas do Centro-Norte do País, porque as altas temperaturas não deixam que as chamadas Zonas de Convergência Intertropical se formem nestas regiões – fenômeno que provocaria chuvas.
As ações tomadas pela Marinha têm como base a Lei Complementar 97, de 1999 e a Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário (Lei no. 9.537, de 1997), onde constam como atribuição da Força “assegurar que as águas brasileiras sejam reduto de segurança e preservação”.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
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