“O tema escolhido para a busca do tetracampeonato do Caprichoso é um manifesto da cultura popular pela vida em todo o planeta, é um chamado para retomarmos práticas antigas e curativas para a vida e para a continuidade da humanidade”. Esta é a declaração do presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome, sobre o tema 2025 do Boi Caprichoso “É Tempo de Retomada” para o Festival de Parintins do próximo ano. A proposta temática foi anunciada neste sábado, 12 de outubro, no curral Zeca Xibelão, durante a festa de comemoração dos 111 anos do bumbá.
“A hora é agora! É tempo de retomada pela cura da terra, pela vida, pelo futuro. É a retomada de fazeres, tradições e práticas de muito afeto a tudo que nos rodeia, é mais uma vez o povo da Amazônia ensinando ao mundo um novo rumo, guiado por saberes antigos, mas mergulhado em águas de muita arte!”, explica Ericky Nakanome sobre a proposta que o bumbá.
A arte do tema carrega os saberes do indígena Adolfo Tapaiüna, 21, estudante do curso superior de Tecnologia e Designer Digital (UEA/Parintins). A tradição azul e branca tem como representante Ananda Cid, 30, bisneta de Roque Cid e que envolve a marca azulada com a história do Boi Caprichoso. O desenhista e finalista do curso de Artes Visuais (UFAM/Parintins) Denner Silva, 30, se junta ao grupo artístico para selar com conhecimento e criatividade a proposta artística do bumbá que se reveste de arte e cultura para defender a Amazônia.
“Essas três pessoas exprimem justamente a marca, o sentimento e a força de um tema que a gente entendia que não éramos nós que iríamos protagonizar essa visualidade, mas que essa visualidade precisava ser acima de tudo expressa por um importante tripé que galga esse tema: arte, tradição e ancestralidade”, revela Ericky.
Pela primeira vez na história do Festival de Parintins, um indígena assina a identidade visual de um bumbá. Adolfo Tapaiüna faz grafismo desde os 12 anos. Com a mãe aprendeu a trabalhar com artesanato e é o responsável pelas pinturas corporais da cunhã-poranga Marciele Albuquerque. Ele atuou na criação e execução da arte que simboliza a ideia do Caprichoso para a próxima temporada.
“Quando o Caprichoso traz um indígena para pensar a arte do tema, ele pensa no contexto de como o indígena ver a arte. A gente não entende a arte apenas no fazer manual, a gente entende a arte pela espiritualidade, pelo o toque, pela sensibilidade, pelo amor, pelo carinho, de como a gente vive o mundo. O Caprichoso tem esse cuidado sensível de dialogar, de entender que o olhar indígena é um olhar sensível de conhecimento, de amor à terra, de coletivo”, conta emocionado, Adolfo Tapaiüna.
Com informações da assessoria