Por Walter Junio
Assim como foi realizado em São Paulo, no dia 13 de agosto deste ano, a capital do Amazonas vai sediar a “1ª Edição da Marcha para Exu”. A proposta da data para a realização do encontro é no dia 30 de setembro (sábado), a partir das 14h, com concentração na praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), no centro de Manaus. Com o tema “Exu não é Satanás”, os adeptos e simpatizantes das religiões de matriz africana vão sair às ruas do centro em homenagem ao orixá muito conhecido e cultuado, sobretudo pela comunicação entre os seres humanos e orúm (plano espiritual).
No evento religioso-cultural, os organizadores da manifestação pretendem mostrar à sociedade que Exu não é o ser demonizado como costumeiramente vem sendo classificado e alvo de preconceitos por parte de determinadas religiões no Brasil.
“Queremos dizer que Exu não é satanás. Exu é o comunicador. Exu é o que leva, que traz as mensagens para o orúm. O que nos motivou a realizar este evento é que o processo de satanização de Exu é algo absurdo que ainda permanece; a intolerância religiosa continua forte e sempre nos atacando de macumbeiros, feiticeiros, adoradores de Satanás. É isso que tem sido colocado e nós queremos gritar como foi colocado na avenida Paulista (em São Paulo no dia 13 de agosto) para todo o Brasil ver Exu não é Satanás. Então, nós também estamos buscando mostrar para nossa cidade que Exu não é satanás”, informou o Xɛ́byosɔnɔ̀n Alberto Jorge Silva Ọba Méjì, coordenador Geral da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana (ARATRAMA).
Alberto Jorge informou que a provável data para a realização da manifestação religiosa-cultural será no dia 30 de setembro.
“Estamos discutindo a proposta e no momento a que reuniu maior adesão é para o dia 30 de setembro, um sábado, a partir das 14h, na praça da Polícia. Vamos repetir a mesma dinâmica que utilizamos nas marchas para Zumbi, onde saía da praça da Polícia, descia a avenida Sete de Setembro, subia a avenida Eduardo Ribeiro, até a praça do Congresso, onde ali vários grupos se apresentavam na sua forma de ser”, declarou.
Cultura
Alberto Jorge informou também que o público vai encontrar na 1ª Marcha para Exu manifestações de pomba-gira e entidades conhecidas nas religiões como candomblé, umbanda, entre outras.
“Então, o público vai encontrar manifestações espontâneas. Como nós pretendemos fazer isso? Os que são filhos de pomba-gira, de Tranca-rua, de Exu Caveira, os que são devotos de Exu Lalu, de Exu Lonan, de todas as formas de Exu, de todas as celebrações, poderão vir com as roupas de suas entidades para prestar homenagem a elas. Nós não vamos fazer o que se chamaria um ‘macumbão’, não é isso. Nós iremos abrir, dando o caminho a Exu, entregando as farofas, entregando a água, a cachaça, o dendê, tocando os clarinetes, tocando os tambores. Vamos cantar pra entidade Exu, orixá”,disse o coordenador da Aratrama, uma das associações que organizam a marcha.
A proposta da organização do evento é concentrar a partir das 14h na praça da Polícia e às 15h sair em marcha em direção da praça do Congresso.
“A gente desce fazendo uma parada na (avenida) Sete de Setembro com Eduardo Ribeiro, que é uma grande encruzilhada. Digamos ali, que é uma das primeiras encruzilhadas em Manaus. Exu, essa figura das encruzilhadas, dos caminhos que abrem os caminhos, que dá caminho bom para as pessoas. E vamos subir a (avenida) Eduardo Ribeiro parando no ali na encruzilhada da 24 de maio com a Eduardo Ribeiro; depois da (rua) 10 de julho com Eduardo Ribeiro. Porque essas ruas são ruas que têm um significado histórico na libertação dos escravizados em Manaus e no estado do Amazonas”, explicou Alberto Jorge: “Então, nós ainda acreditamos que é preciso combater a escravidão. Da escravidão em que são submetidos os trabalhadores, pessoas em trabalho escravo; a escravidão do vício; a escravidão do dinheiro; a escravidão do subemprego; a escravidão da fome; a escravidão da exclusão social, da homofobia, da gerontofobia, da gordofobia, ou seja, a sociedade ainda está escravizada por todas essas coisas”, completou Alberto.