Aos 31 anos de idade, Maria Brazão guarda um sonho no coração: tornar-se defensora pública. Natural de Manicoré (distante 331 quilômetros de Manaus) e autista, ela viveu uma trajetória marcada por desafios, especialmente na busca por um espaço no mercado de trabalho. Cada passo planejado por ela dado até aqui, embora cheio de obstáculos, a conduziu ao lugar que ela acredita ser o seu verdadeiro propósito: a Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM).
Formada em Direito, ela conta que enfrentou barreiras ao tentar se inserir no mercado de trabalho, principalmente como pessoa com deficiência (PCD). “Eu via que tinha muito preconceito. Procurava emprego, marcavam entrevistas, mas quando percebiam que eu era autista, as reações mudavam. Parecia que não acreditavam que eu era capaz”, relembra.
Foi nesse cenário de rejeição que Maria encontrou um refúgio. O primeiro emprego dela veio através da DPE-AM, por meio do projeto “Meu Coração Também é Azul”, que abriu portas para pessoas autistas. “Comecei na Defensoria no terceiro semestre da faculdade, em 2020. Fui para o setor de Direitos Humanos e me identifiquei muito com o trabalho da instituição. Foi ali que eu percebi que meu sonho era seguir na Defensoria”, conta.
Por um período, ela precisou deixar a DPE e estagiar em outro órgão. Ficou lá por seis meses, mas, como ela mesma diz, seu coração sempre esteve na Defensoria. “Gostei de estagiar em outro lugar, mas não era a mesma coisa. Meu sonho sempre foi ser estagiária, residente, servidora e, por fim, defensora pública. Tudo é planejado, tudo tem que ter uma rotina, e eu planejei estar agora como residente.”
Maria relembra que, antes do estágio na DPE-AM, pensou em desistir. Vindo do interior para a capital, longe de sua cidade natal e familiares, as dificuldades eram ainda maiores. “Houve um momento em que eu pensei: não dá mais, vou desistir. Não conseguia arranjar emprego e estava pensando em voltar para casa. Mas tive o suporte do meu esposo, ele acreditou em mim quando eu mesma já estava quase sem forças. E, apesar das dificuldades, a gente nunca deve desistir. Mesmo quando parece que não vai dar certo, uma hora dá.”
Grávida de sua primeira filha, a meta de ser residente da DPE-AM já foi alcançada e o próximo passo está bem traçado: “Ser defensora pública”, ela repete, com a certeza de quem sabe o que quer. “A Defensoria me deu a chance que eu precisava para mostrar o meu valor. E aqui, encontrei mais do que um emprego, encontrei o meu propósito”.
Para aqueles que ainda não tiveram uma chance no mercado de trabalho, ela aconselha: “Não desista. Uma hora, a gente consegue”.
Com informações da assessoria