O Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), em ação conjunta com a Polícia Militar do Amazonas, realizou a apreensão de 3,3 toneladas de mantas de pirarucu seco (Arapaima leptosoma) no último fim de semana de outubro na Reserva Biológica do Abufari, em Tapauá/AM. A apreensão ocorreu durante operação de fiscalização que ocorre todos os anos durante o período de reprodução dos quelônios na Rebio, durante a seca dos rios amazônicos.
Durante a abordagem a uma embarcação de passageiro,s os agentes do ICMBio localizaram a carga de pescado ilegal no porão, resultando na aplicação de multa de R$ 132.700,00 ao proprietário da carga que foi apreendida. As mantas de pirarucu seco foram doadas ao Lar do Adolescente e da Criança Irmã Rosa, em Tapauá. Devido à grande quantidade de pescado, a instituição beneficiada distribuiu parte da doação à população de Tapauá.
Em campo desde o início do mês de outubro, a equipe da operação Quelônios V realizou outras duas apreensões de pirarucu na unidade de conservação, uma de 163 quilos e outra de 543 quilos de mantas do pescado, doados a instituições beneficentes do município amazonense. Além dos pescados, também foram apreendidos e devolvidos à natureza na Rebio do Abufari sete quelônios, sendo quatro tartarugas-da-Amazônia (Podocnemis expansa) e três tracajás (Podocnemis unifilis).
Coordenador da operação, o agente ambiental federal Diego Borges conta que as ações de fiscalização são realizadas constantemente na Reserva Biológica, “isso ajuda a manter a biodiversidade local e na preservação do território da Rebio Abufari, várias ações são feitas com apreensões de material de pesca Ilegal, de quelônios que recuperamos e soltamos em seu habitat, a entrada na unidade sem autorização é monitorada diariamente pelo ICMBio neste trabalho de proteção contínua.” Borges também destaca a importância da dedicação dos Agentes Temporários Ambientais (ATA) do ICMBio para o sucesso da Operação.
A Rebio do Abufari é uma importante área de reprodução de quelônios, destacadamente a tartaruga-da-amazônia. Os quelônios sofrem grande pressão de caça em toda a Amazônia, e áreas protegidas como a Reserva Biológica são fundamentais para que as espécies continuem a ocorrer de forma perene.
Criada em 1982 com o objetivo principal de preservar um dos maiores tabuleiros de procriação da tartaruga-da-amazônia, a Rebio do Abufari abrange 288.000 hectares no bioma Amazônia. O nome da Unidade tem origem no antigo seringal do Abufari e no rio homônimo, que deságua próximo à célebre praia do Abufari.
Somente na Praia do Abufari, os servidores do ICMBio estimam que haja mais de 500 ninhos de tartarugas-da-amazônia este ano. Cada fêmea enterra nas areias das praias cerca de cem ovos anualmente. Os filhotes são presas fáceis para predadores, sendo manejados pela equipe do ICMBio nos primeiros dias após a eclosão dos ninhos, para que estejam mais aptos a sobreviver ao apetite de peixes e jacarés. Porém, a maior ameaça aos quelônios amazônicos são a caça de animais adultos e a coleta de ovos para comércio e consumo nas cidades da região.