*Por Hinaldo Breguez
Existe uma parte da consciência humana responsável pela construção da nossa imaginação. Uma dimensão simbólica, capaz de criar infinitas formas de representações da vida. Um patrimônio imaginário, que segundo Jean Piaget e sua teoria dos estágios de desenvolvimento da criança, a construção desse pensamento simbólico surge no ser humano antes mesmo que o seu pensamento racional comece a manifestar sua existência. Essa teoria clássica da educação demonstra que a primeira forma de pensamento que geramos na vida não é racional. Primeiro simbolizamos e somente depois raciocinamos.
Iniciamos o nosso contato com o mundo físico, captando informações com o corpo através das sensações e emoções, como uma preparação do estágio do pensamento simbólico, para somente depois começarmos a colocar para funcionar o nosso pensamento lógico racional. Todo ser humano independente de sua crença ou condição social, carrega dentro de si este universo de possibilidades construídos individualmente por imagens.
A questão é que o pensamento racional também possui suas limitações e por isso pode se completar com o pensamento simbólico, para ajudar inclusive a não cairmos em uma visão estritamente materialista e utilitária da existência, correndo o risco de cometermos graves erros de classificação. Por natureza, o pensamento racional divide e o pensamento simbólico unifica.
Educação significa transformar as nossas representações simbólicas do futuro. Mudar de dentro para fora. Na medida em que desligamos nossa imaginação, pouco a pouco vamos deixando de sonhar. Ficamos satisfeitos com as imagens prontas que recebemos de todos os lados, pois não conseguimos mais gerar nossas próprias imagens. Não basta recitar os grandes clássicos, temos que vivê-los, gerar nossas próprias experiências nos imaginando dentro deles.
Aceitar que em todo ser humano falta algo e que por isso, juntos, podemos nos completar. Como certa vez disse o professor Jorge Angel Livraga: “O que temos de tocar não é o céu, mas o coração do ser humano e chegar de novo a uma convivência básica e humana.” Sonhe com isso.
Bibliografia:
– Fernando Schwarz, O sagrado camuflado, a crise simbólica do mundo atual, Belo Horizonte, 2017
(*)Hinaldo Breguez é formado em Comunicação Social pela UNIVALE. Voluntário da Nova Acrópole há mais de 19 anos, iniciou sua carreira como professor em 2004. Atualmente é Diretor da Escola Nova Acrópole de Juiz de Fora onde segue conduzindo seus estudos e pesquisas sobre o ser humano. Ministra cursos de capacitação profissional e treinamentos aliados a uma profunda experiência prática em contato direto com educadores e profissionais de diversas áreas. Em 2019 se tornou colaborador do Instituto Internacional de Antropologia e Ciências Humanas Hermes.
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