O Amazonas tinha 490.935 pessoas indígenas, em 2022, com idade mediana de 22 anos. Do total, 149.080 viviam em terras indígenas e 341.855 fora delas. A população indígena do estado se dividia em 259 etnias indígenas e 168 línguas. Entre 2010 e 2022 o aumento de etnias foi de 109, resultando numa variação de 73%. Já a quantidade de línguas passou de 110, em 2010, para 168 em 2022, resultando em um aumento de 53%. Os dados divulgados hoje,24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são do Censo 2022 – etnias e línguas indígenas – principais características sociodemográficas.
No Brasil, a divulgação atualiza o total de etnias, povos e grupos indígenas residentes no país para 391 e o total de línguas indígenas faladas ou utilizadas, nos domicílios, para 295.
Entre as Unidades da Federação, São Paulo é a com maior número de etnias (271), seguida do Amazonas (259) e da Bahia (233).
O IBGE amplia um pouco mais o retrato oficial das pessoas indígenas ,esboçado nas divulgações anteriores, consolidando, na oportunidade, estatísticas sobre a diversidade étnica e linguística desses povos, acrescidas de suas características demográficas (sexo e idade) e sociais (situação de alfabetização e analfabetismo das pessoas indígenas, com 15 anos ou mais de idade; existência de registro de nascimento lavrado em Cartório ou Registro Administrativo de Nascimento Indígena – RANI, das crianças até 5 anos de idade; e situação de acesso a saneamento básico dos moradores indígenas), as quais, desagregadas segundo etnias, povos e grupos indígenas a que pertencem, constituem importantes atributos para o conhecimento da realidade e o exercício da cidadania desse contingente populacional.
Mais 19 etnias foram identificadas em terras indígenas do Amazonas
Na capital do estado havia 186 etnias, em 2022, e dentre os municípios amazonenses, fora da capital, Iranduba foi o que apresentou maior concentração de etnias (77 etnias).
Entre os anos de 2010 e 2022 houve aumento de etnias dentro de terras indígenas do estado, passando de 75, em 2022, para 94 em 2022. Os resultados destacam as diversas formas de organização social dos povos indígenas e múltiplos fatores devem ser considerados na sua interpretação, como os movimentos migratórios, o processo de urbanização, os processos de autoafirmação e reemergência étnica, que ocorrem quando grupos indígenas voltam a se diferenciar perante outros grupos e a sociedade não indígena.
Outros fatores também contribuíram para um aumento no número de etnias, como processos de desagregação de subgrupos que passaram a se identificar como etnias distintas, migrações recentes (como a de indígenas venezuelanos e consolidadas).
Em todos os estados, com exceção do Amapá, ocorreu uma ampliação do total de etnias, com destaque para Amazonas, Bahia e Goiás, em termos absolutos. Já os estados com maior aumento percentual foram Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins.

Três etnias do Amazonas aparecem, no Censo 2022, com a maior quantidade de pessoas indígenas
As etnias mais numerosas identificadas pelo Censo, no estado, foram a dos Tikunas (73.564 pessoas indígenas); dos Kokamas (64.105 pessoas indígenas) e dos Mura Pirahã (37.585 pessoas). Um total de 60.891 pessoas indígenas não soube responder a qual etnia pertencia e 38.064 pessoas indígenas não declararam sua etnia.
Entre os grupos indígenas com o menor número de pessoas, conforme o Censo 2022, 35 das etnias tinham apenas um indivíduo; 27 etnias somavam dois indivíduos; 23 tinham três pessoas indígenas; 10 somavam quatro pessoas indígenas; seis etnias tinham cinco indivíduos; nove etnias somavam seis pessoas indígenas; dez etnias somavam sete indivíduos; cinco etnias tinham oito pessoas; seis etnias tinham nove indivíduos; e duas etnias tinham 10 pessoas indígenas.

Na etnia Tikuna quase 20 mil pessoas viviam em terra indígena localizada em três municípios do estado
Entre as etnias com maior quantidade de pessoas indígenas, no Amazonas, em 2022 (Tikúna, Kokama e Mura Pirahã), a maioria dos Tikunas (19.169 pessoas) vivia na terra indígena Évare I que abrange os municípios de Tabatinga, Santo Antônio do Içá e São Paulo de Olivença; a maioria dos Kokama era da terra indígena São Domingos do Jacapari e Estação (1.931 pessoas), que se localiza nos municípios de Jutaí e Tonantins; e na etnia Mura Pirahã havia 8.928 pessoas em terra indígena, sendo que a maior parte (1.474 pessoas) residia na terra indígena Murutinga/Tracaja, que fica nos municípios de Autazes e Careiro da Várzea.

Cresce o número de indígenas que se identificaram com mais de uma etnia
O Censo 2022 identificou que houve uma ampliação de pessoas indígenas que se identificaram como pertencente a mais de uma etnia. Entre as etnias mais numerosas do Amazonas, em 2022, na dos Tikuna (73.564 pessoas indígenas), 1,47% (1.077 pessoas) declarou mais de uma etnia; na etnia dos Kokama, do total de 64.105 pessoas, 1,8% (1.181 pessoas) fizeram igual declaração; e na dos Mura Pirahã, do total de 37.585 pessoas, 0,034% (13 pessoas) declararam mais de uma etnia.
Os municípios do estado com maior quantidade de pessoas que declararam duas etnias foram Manaus (967 pessoas), Tefé (249 pessoas) e Benjamim Constant (226 pessoas).
Entre os municípios com maior quantidade de pessoas que declararam apenas uma etnia aparece São Gabriel da Cachoeira (45.156 pessoas), Tabatinga (30.688 pessoas) e Manaus (25.485 pessoas).
No país, do total de 1.262 812 pessoas com pelo menos uma etnia declarada, 224.167 declararam mais de uma etnia, correspondendo a 1,91% do total de pessoas indígenas com pelo menos uma etnia declarada.
As informações atualizadas são oriundas de processos de planejamento do Censo Demográfico 2022, onde o IBGE realizou um conjunto de reuniões técnicas e processos de consulta livre, prévia e informada, no âmbito do preconizado pela Convenção número 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nesse processo, especialistas na temática indígena, indigenistas e representantes dos povos indígenas solicitaram que se ampliasse a investigação de pertencimento a etnia, grupo ou povo indígena, permitindo ao informante declarar até duas etnias.

Multiplicidade linguística nos domicílios com pessoas indígenas
Além da multiplicidade étnica, também foi investigada a multiplicidade linguística, como parte das inovações do Censo 2022.
O Amazonas, com 137.421 pessoas indígenas falando ou utilizando línguas indígenas, nos domicílios, representa 31,77% dos falantes de línguas indígenas do país.
Em 2022, no estado, havia 168 línguas indígenas faladas ou utilizadas, nos domicílios, por pessoas indígenas com dois anos ou mais de idade. O aumento em relação a 2010 foi de 58 línguas indígenas.

Manaus aparece, na pesquisa censitária, com o maior número de língua indígena falada ou utilizada por pessoas indígenas no domicílio (97 línguas), seguida por São Gabriel da Cachoeira (36 línguas) e Iranduba (31 línguas). Os municípios com menor quantitativo de línguas indígenas faladas no domicílio foram Anori (1 língua), Caapiranga (1 língua) e Codajás (3 línguas).

Quando questionadas sobre a forma de comunicação no domicílio, das 467.236 pessoas indígenas, 329.815 responderam não falar a língua indígena no domicílio; 132.388 pessoas indígenas informaram falar apenas uma língua indígena; 4.125 pessoas indígenas disseram falar duas línguas indígenas; 511 pessoas declararam falar três línguas indígenas; 272 não souberam responder; 66 pessoas indígenas não determinaram a língua indígena falada e 59 pessoas indígenas não souberam definir a língua indígena.
Em Manaus, de um total de 69.821 pessoas indígenas, de dois anos ou mais de idade, 65.627 informaram que não falam a língua indígena no domicílio; 3.695 pessoas declararam falar apenas uma língua indígena; 255 declararam falar duas línguas indígenas; 113 disseram não saber falar língua indígena; 68 declararam falar três línguas indígenas;38 pessoas não souberam determinar a língua indígena falada; e 25 pessoas não souberam definir a língua indígena.
Vale lembrar que a pesquisa censitária considerou também como língua indígena a língua de sinais Urubu-Ka’ apor, a língua de sinais Terena e a língua de sinais Kiriri.

São Gabriel da Cachoeira concentra maior quantidade de indígenas com multiplicidade linguística no domicílio
Considerando os 62 municípios do estado, o maior número de pessoas que declarou falar uma língua indígena aparece em São Gabriel da Cachoeira (26.506 pessoas); Tabatinga (17.537 pessoas) e São Paulo de Olivença (12.952 pessoas). Já os municípios com mais pessoas indígenas que declaram falar duas línguas indígenas, no domicílio, foram São Gabriel da Cachoeira (3.050 pessoas), Manaus (255 pessoas) e Atalaia do Norte (121 pessoas). Os municípios onde a maior quantidade de pessoas indígenas declarou falar três línguas indígenas foram São Gabriel da Cachoeira (283 pessoas), Manaus (68 pessoas) e Atalaia do Norte (59 pessoas).

A maior parte das 467.236 pessoas indígenas, de dois anos ou mais de idade, que declarou status da língua indígena falada no domicílio, morava fora de terras indígenas e em área urbana (262.117). Na área rural eram 65.446 pessoas e em terras indígenas residiam 139.673 pessoas indígenas.

Mais sobre a pesquisa
O Censo Demográfico é a mais completa operação estatística realizada no país, indo a todos os domicílios dos 5.570 municípios brasileiros. A divulgação “Censo 2022: Etnias e línguas indígenas: Principais características sociodemográficas – resultados do universo” traz estatísticas sobre as diversidades étnica e linguística da população indígena, com indicadores de sexo, idade, alfabetização, registro de nascimento e acesso a saneamento básico, desagregadas segundo as etnias, povos ou grupos indígenas a que pertencem.
As informações contemplam os seguintes recortes territoriais: Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Municípios, Amazônia Legal, Amazônia Legal por Unidades da Federação, Terras Indígenas e Terras Indígenas por Unidades da Federação.
































































