Relatório da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), realizado em parceria com a DNI (Direção Nacional de Inteligência) da Colômbia, revelou o crescimento do tráfico de drogas na região da “Amazônia Compartilhada” (fronteira entre Brasil e Colômbia), impulsionado pelas facções brasileiras PCC e Comando Vermelho (CV) em aliança com grupos criminosos colombianos. As informações foram divulgadas pela CNN, com base em um documento obtido também pela Folha de S. Paulo.
As facções brasileiras estabeleceram alianças estratégicas com grupos colombianos, definindo a atuação por região.
Os grupos aliados incluem:
CNEB-CF (Comando da Fronteira);
EMC (Estado Maior Central);
SM (Segunda Marquetalia);
Ejército de Liberación Nacional;
Comuneros del Sur;
Coordinadora Nacional;
Ejército Bolivariano.
A agência de inteligência brasileira detalhou a atuação organizada desses grupos em um mapa, especificando a produção e distribuição de drogas.
Principais Ameaças
O documento aponta o narcotráfico, a mineração ilegal de ouro e o tráfico humano de migrantes como as principais ameaças à segurança humana e ambiental da região.
O diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, assina o relatório, que destaca:
“Ano após ano, observa-se a intensificação dos fluxos de entorpecentes entre os dois países, fruto do aumento contínuo de produção de folha de coca e do maior intercâmbio entre as organizações criminosas brasileiras e colombianas que atuam no narcotráfico.”
Mineração Ilegal: Há uma “crescente interlocução entre redes de mineração e comercialização ilegal de ouro, com exploração de rios que passam por Brasil e Colômbia e intercâmbio de expertise criminal para construção de equipamentos”.
Tráfico de Migrantes: “redes de contrabando de migrantes se valem da menor capacidade de fiscalização estatal na região para operacionalizar suas rotas, ao explorar pessoas em situação de vulnerabilidade, advindas de diferentes partes do planeta”.
Rotas e Impactos
A cocaína originária da Colômbia e do Peru segue a “Rota do Solimões”, um corredor fluvial vital que conecta as fronteiras.
No Brasil, o Comando Vermelho é responsável pela distribuição e varejo da droga no Amazonas, Pará, Acre e Rondônia, além de se envolver na produção de pasta base e maconha.O rio Puré, no lado colombiano, é identificado como o mais afetado pela mineração ilegal.
Um sobrevoo de autoridades colombianas em 2023 registrou 169 dragas em operação, a maioria em território brasileiro. Estima-se que, em 2023, essas dragas tenham extraído 3.062 kg de ouro e provocado uma erosão/sedimentação média de $118.877.709$ toneladas de solo.
Contradição
O teor do relatório da Abin contraria uma recente declaração do presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Esta semana, o líder colombiano afirmou que “os Estados Unidos pelo menos começam a aceitar que a maior parte da cocaína não sai pelo Caribe”, onde as forças americanas vinham concentrando ataques.A fala de Petro ocorreu após duas ofensivas de Washington contra embarcações no Pacífico.
O presidente colombiano argumentou que “O Pacífico não é acessível por lanchas. É imenso. É aqui que o governo [Donald] Trump se engana”, enfatizando que “a maior parte da cocaína [transportada] pelo Pacífico sai por navios mercantes”.



























































