Nesta sexta-feira (7), o cientista Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), será o destaque do segundo e último dia da 2ª edição do Simpósio Amazônia 2030, na Universidade Nilton Lins, em Manaus. Reconhecido mundialmente por suas pesquisas sobre o desmatamento e os impactos ambientais no bioma, Fearnside apresentará a palestra “Mudanças Climáticas e a Região Amazônica”, durante a 3ª sessão plenária do evento, a partir das 9h10, no auditório Vânia Pimentel (Bloco Unicenter), do campus no bairro Parque das Laranjeiras.
O pesquisador deve abordar a contradição nas ações do governo brasileiro em relação às mudanças climáticas e ao desmatamento, alertando para as consequências catastróficas que o país e o planeta podem enfrentar caso a postura atual não seja revertida.
“Basicamente, todo o governo federal, com exceção do Ministério do Meio Ambiente, está agindo para aumentar as emissões [de gases de efeito estufa]. Isso tem que mudar. Como informei no editorial da revista Science, o Brasil precisa assumir liderança no combate ao aquecimento global. Não é só fazer discurso exigindo aos países ricos pagar mais [no combate às mudanças climáticas]. Tem que mostrar que o próprio Brasil está fazendo algo para mitigar a situação”, afirmou o cientista.
No texto publicado na Science, em março, Philip Fearnside junto com o cientista da Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo (Alemanha), Walter Leal Filho, argumentam que projetos como a reconstrução da BR-319 (Manaus–Porto Velho), os subsídios à soja e à pecuária e a exploração de petróleo na foz do Amazonas podem agravar o desmatamento e empurrar o planeta para um “ponto irreversível de aquecimento global”. Leal Filho, inclusive, fez o discurso de abertura do encontro na capital amazonense.
COP30 e parcerias científicas
Pela primeira vez em Manaus, o Simpósio Amazônia 2030 iniciou, nesta quinta-feira (6), com a participação de pesquisadores do Brasil e do exterior, em um momento simbólico que antecede a COP30, que começa no dia 10 de novembro, em Belém (PA).
Na cerimônia de abertura, a reitora da Universidade Nilton Lins, Gisélle Lins, ressaltou a importância das parcerias científicas e universitárias para fortalecer a voz da Amazônia no cenário global.
“Nós que somos filhos da Amazônia, que trabalhamos na Amazônia, temos a honra de viver nesse solo, é muito importante essa articulação. Essa janela que se abre para parcerias. É um momento muito especial e delicado que a Amazônia vive próximo à COP30. Nós temos certeza de que seremos um alto-falante para o mundo”, afirmou a reitora.
A vice-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação da instituição, Cleuciliz Santana, chefe do comitê local do evento, explicou que o simpósio busca contribuir com propostas concretas que poderão ecoar durante a conferência climática da ONU.
“Muitos temas serão apresentados ao longo desses dois dias [do Simpósio Amazônia 2030], então nós ficamos muito felizes com a adesão de pesquisadores de várias partes do Brasil, do mundo e aqui da Amazônia também”, disse Cleuciliz. “Que daqui saiam contribuições significativas que possam ser ouvidas lá na sede da COP30”, completou.
Um dos mais influentes especialistas em sustentabilidade e mudanças climáticas, o cientista Walter Leal Filho participou da abertura do encontro em Manaus, em uma transmissão online. Ele enfatizou a importância da cooperação internacional, das finanças climáticas e do trabalho em rede entre universidades para o enfrentamento dos desafios ambientais na Amazônia.
Programação
O 2º Simpósio Amazônia 2030 – Questões de Sustentabilidade na Maior Região de Floresta Tropical do Mundo reúne pesquisadores e instituições nacionais e internacionais para debater temas como mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável.
A programação nesta quinta-feira teve também as palestras de Rodrigo Lozano, da Universidade Técnica de Dresden (Alemanha), sobre “Competências em Sustentabilidade e Abordagens Pedagógicas”, e de Fabio Teodoro de Souza, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com o tema “Uma Abordagem de Mineração de Dados para Prever Desastres Naturais e Eventos Epidemiológicos”.
Realizado em parceria com a Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo (Alemanha) e a PUCPR, o simpósio reforça o papel da Universidade Nilton Lins na promoção do diálogo científico e internacional sobre sustentabilidade e o futuro da Amazônia.
Com informações da assessoria































































