Por Alberto Jorge*
A Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana (ARATRAMA), REPUDIA a atitude desrespeitosa da Câmara Municipal de Manaus (CMM), em EXCLUIR os Representantes da Sacralidade dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana de Manaus, no evento ocorrido hoje (06/04) em seu plenário, onde se pretendeu tratar sobre Liberdade Religiosa.
Evento RESTRITO as representações religiosas hebraico-cristãs.
A hipocrisia foi tanta, que o presidente do ato, vereador Samuel da Costa Monteiro, evangélico, ao ser questionado pelo vereador Rodrigo Guedes, católico, sobre a ausência de outras lideranças religiosas, alegou que ali estavam os representantes das maiorias religiosas, 80% da população de Manaus (SIC).
Tal enunciado usado, LIBERDADE RELIGIOSA, foi usado LEVIANAMENTE, pois deveria ter usado como tema, apenas e tão somente, liberdade religiosa cristã fundamentalista e INTOLERANTE!
A Câmara Municipal, há pelo menos uns dez anos, perdeu completamente o rumo e o prumo no que se refere a Direitos Humanos, quanto a Liberdade Religiosa, ela passa muito longe do entendimento do que isso de fato significa. De forma DESAVERGONHADA E ATÉ CRIMINOSA promove o proselitismo hebraico-cristão, seguindo a intolerância peculiar das igrejas neopentecostais radicais.
Essa seletividade criminosa se dá perante um MPE (Ministério Público Estadual) e MPF (Ministério Público Federal) totalmente inertes.
A CMM é um retrato infame do que se está vivendo no Brasil, de forma acintosa, agravada desde 2019 com a ascensão de um presidente terrivelmente evangélico e intolerante.
A sociedade não atenta que, nesse momento da história, somos nós o afros que sofremos esse tipo de “cancelamento”. Mas se a coisa continuar nesse ritmo, se repetira o que vimos no nazismo, quando outros seguimentos da sociedade findaram vítimas do ódio patológico daqueles que não conseguem viver com a diversidade.
Particularmente, com raríssimas exceções, essa legislatura da CMM não passa de um reduto de pessoas que não representa o Estado Democrático de Direito, pois se reduziu à um circulo de interesses perversos, racistas e promotores da exclusão.
Em nome do coletivo,
Xɛ́byosɔnɔ̀ Alberto Jorge Silva Ọba Méjì, coordenador-geral da ARATRAMA; Lissánon Jonathan Azevedo, secretário-geral da ARATRAMA; Babalaoriṣa Olegário Ferreira; Nocɛ̀ Taíssa Paes, coordenadores-estaduais da ARATRAMA – Amazonas; Babaláòrìṣà Abner Silva tí Oxum, coordenador metropolitano da ARATRAMA Manaus;
Mãe Maria de Jacauna, Ìyálòrìṣà Cinthia Moura, Mãe Sinara Pinto, coordenadoras-municipais da ARATRAMA Manaus.
(*) Alberto Jorge – Xɛ́byosɔnɔ̀n Alberto Jorge Silva Ọba Méjì
Nascido em 26 de Abril de 1960 em Manaus, AM;
Dotɛ́ do Xwɛgbɛ́ Xwɛgbɛ́ Acɛ́ Mina Gɛgi Fɔn Vodún Xɛ́byosɔ Toy Gbadɛ́
Coordenador Geral da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana – ARATRAMA
Fundador e Mantenedor da Associação de Desenvolvimento Sócio Cultural Toy Badé
Formação – Com formação em Filosofia e Teologia pelo Centro de Estudos do Comportamento Humano – CENESCH; Radialista; Psicólogo Clínico Especialista; Doutorando em Psicologia Evolutiva e da Educação.
É Conselheiro Titular do Conselho Estadual de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais do Amazonas; Conselheiro Titular do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Amazonas; Ex Conselheiro Estadual de Saúde do Amazonas; Ex Conselheiro Municipal de Saúde de Manaus;
Membro do Comitê de Saúde LGBT do Amazonas; pesquisador da Étnocultura dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana; militante há 35 anos nos Movimentos de Negritude, dos Povos Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana, de Defesa, Conservação e Preservação do Meio Ambiente; e de Direitos Humanos.